quinta-feira, 15 de abril de 2010



ONDE CONTRASTE… É APENAS EUFEMISMO!

Decorreram menos de 24 horas e começa a nascer em mim uma profunda noção do local onde estou. É uma terra com uma luz própria, e, não me refiro apenas à sua luminosidade… refiro-me a uma luz que lhe brota pelos poros… uma luz que nos é transmitida pela sua energia, pelo seu vigor!

(É um vigor natural, que o Homem, de forma também natural, transmite através da sua obra…)

Vagueando pelas ruas se vê a pujança de uma economia pulsante, que cresce de forma desmesurada, deixando atrás de si um rasto de poeira, típico de um enorme estaleiro… que o é esta cidade!

Mas a marca mais profunda vem das disparidades que se observam… aqui nada tem o meio-termo. De forma alguma podemos falar em termos médios!


Aqui, falar em CONTRASTE… é apenas EUFEMISMO!!!


Percorro as ruas desta cidade e em cada esquina vejo amontoados de objectos, que outrora, tiveram vida nas mãos de alguém… mas que hoje são apenas amontoados de lixo. Ao lado vejo 40 000 dólares sobre 4 rodas, suavemente pousadas, paredes meias, com a chapa entortecida de mais uma torre futurista em plena construção… somente mais uns milhões investidos, mesmo em frente da barraca construída com chapas que antes envolveram uma torre já acabada e, onde vive, um dos verdadeiros responsáveis pela alma desta cidade.


Aqui falar em CONTRASTE… é apenas EUFEMISMO!!!


A sul deparo-me com uma nova cidade… as casas, (sim casas!), são uniformes… valem todas entre 5 ou 15 ou 20 ou 25 milhões de dólares! Estão rodeadas de vedações e têm segurança à porta… têm espaços relativamente ajardinados nas ruas… e têm vista para mais 5 ou 15 ou 20 ou 25 mil… barracas… com lama à porta, onde jazem mais umas centenas de milhar de objectos inanimados!


Aqui falar em CONTRASTE… é apenas EUFEMISMO!!!


Nesta cidade só não se vê este gigante abismo, quando comparamos o brilho cintilante das portentosas torres edificadas no centro e a sul, com o brilho apaixonante do sorriso puro e desprendido, daqueles que vagueiam entre destinos que apenas os próprios conhecem, por entre o pó e a lama do lado norte!

É este último brilho que levarei na minha retina… desta minha curta estadia em LUANDA! É essa a verdadeira alma desta terra… a paixão pela vida!


quarta-feira, 7 de abril de 2010



São ferros que rasgam sem sentido, por entre a carne que me tece...

vejo-me, assim, rodeado por uma nuvem negra que me consome por dentro!

no meio desse turbilhão, Luto!

Luto para das minhas mãos fazer asas... tentando voar para longe...

Luto para que as minhas entranhas se tornem armaduras... tentando resistir à tempestade que ela me causa...

Luto para no meu Ser encontrar forças para a contrariar...


Luto! Luto!


no entanto, ... , o resultado é sempre o mesmo!




O vazio da mais perene escuridão!



Ao longo da minha formação e da minha curta experiência de prática clínica, deparei-me com os sentimentos e perspectivas de terceiros que, de forma directa ou indirecta, me tentavam comunicar o seu interior... na esperança de se encontrarem a si próprios.


Será assim que se sentem? Será esta a visão de quem passou os umbrais da tristeza?
Será possível viver nesta escuridão? Dia após dia... dia após... dia... dia... após... dia...


Sempre vi e entendi bem os seus mecanismos, procurando comunicar-lhes a minha compreensão.


Hoje, vejo que apenas me foi possível observá-los e tomar consciência das diferentes e inúmeras interacções que os mantêm nesse mundo pessoal e intransmissível!

Curioso o facto de, por simples influencia de um fármaco, ter nascido em mim este minúsculo ensaio... que me faz pensar sobre como e de que forma poderemos tentar compreender o outro (?), quando este vive uma realidade que é apenas sua...




Deixo-vos a questão...

quarta-feira, 17 de março de 2010

Quando Acordará o País?

"Se olhar para as monarquias contemporâneas da Europa, e fora da Europa, no Japão, por exemplo, verá que o rei e a rainha ajudam à estabilidade. Servem de elemento de ligação entre os políticos. O rei colabora com os governos e nunca está em conflito, ao contrário do que acontece na República, onde frequentemente governo e chefe de Estado estão em conflito. O rei é um árbitro isento ... Há duas maiorias opostas? Servem para quê? O presidente não está ali para governar, devia estar ali para representar todos os portugueses e dar uma imagem da cultura e da perenidade do país. Nesse aspecto o rei consegue mais facilmente desempenhar essas funções do que um presidente.
Como disse o primeiro-ministro sueco, “nós somos uma república e o rei é o melhor defensor da nossa república”. Essa é hoje a atitude das monarquias socialistas do Norte da Europa."

D. Duarte Pio, Duque de Bragança in Semanário Grande Porto 17 de Março de 2010.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Ordem dos Psicólogos Portugueses,

que futuro?

Numa altura em que as duvidas, incertezas, angustias e opiniões relacionadas com o presente da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) se multiplicam, decidi falar um pouco do seu futuro.

Tal como é publico, tenho acompanhado todo o processo de instalação da OPP e tenho-me pronunciado a respeito de diversos pontos de todo esse processo, muitas vezes apontando aspectos que, na minha opinião, estariam menos bem. Essa postura fez com que muitos pensassem que incorporava em mim o papel de velho do Restelo, sempre pronto a vaticinar um futuro menos bom da OPP. No entanto, esse nunca foi o meu objectivo nem o meu sentir. Sou, isso sim, um acérrimo defensor da OPP. Tenho absoluta confiança nos seus responsáveis. Simplesmente tentei contribuir com alertas e chamadas de atenção para tentar enriquecer essa estruturação e instalação da OPP.

Por isso mesmo, nesta altura em que o processo de inscrição na OPP já decorre , decidi então reflectir sobre o futuro próximo da OPP e quais os desafios que enfrentará. Nesse sentido destaco, por ordem cronológica de prioridade, alguns aspectos que me parecem nucleares: (1) término do processo de inscrição, (2) elaboração dos cadernos eleitorais, (3) acto eleitoral, (4) regulamento de estágios de admissão à OPP,(5) implementação prática desse regulamento, (6) emissão das cédulas profissionais e, paralelamente a tudo isso, a (7) continuação do processo de inscrição na OPP, bem como, os (8) trabalhos de visibilidade externa da OPP e da classe profissional em geral.

Começando então pelo (1) término do processo de inscrição, que ocorrerá já no próximo dia 15 de Fevereiro, é necessário ter em conta que daí resultarão os (2) cadernos eleitorais por onde se regerão as primeiras eleições da OPP. Só por isso este processo já se reveste de uma importância capital. A este nível questiono-me se o numero de inscritos nessa data já será representativo da globalidade da nossa classe… não me parece mas apenas o tempo o dirá. Por outro lado, parece-me que nesta primeira fase de inscrições a esmagadora maioria dos colegas que se inscreverão estará em fases iniciais da sua carreira. Serão os psicólogos com a sua situação mais indefinida em termos profissionais aqueles que acorrerão às inscrições, pois os colegas com mais anos de serviço, que já têm uma carreira sólida e estável, apenas farão a sua inscrição numa fase posterior às eleições, quando todo o processo da OPP estiver mais calmo e definido. Deste facto pode surgir um certo enviesamento do escrutínio eleitoral e inclusivamente alguns constrangimentos na estruturação das possíveis listas candidatas, atendendo ao estipulado estatutariamente. Aqui, entro então, na questão do (3) acto eleitoral. Neste primeiro processo eleitoral seria extremamente salutar que se apresentassem a sufrágio pelo menos duas listas. Digo isto pois sempre considerei que actos eleitorais sem debate, sem troca de ideias, sem perspectivas diferentes, são o primeiro veiculo de obstrução da democracia e, neste momento da OPP, democracia é o que se exige. Ainda neste âmbito, e arriscando-me a cometer uma enorme gafe pois de futurologia entendo pouco, atrevo-me a dizer que a actual Comissão Instaladora avançará com a sua candidatura. Mais ainda, defendo que em condições normais, esse grupo de trabalho, será o único com condições reais de liderar e conduzir a bom porto os destinos da OPP neste seu primeiro mandato graças ao Know-how adquirido ao longo dos tempos. Estranharei por isso se mais algum grupo surgir com uma lista candidata. Contudo, mantenho essa esperança, pois seria importante que uma lista, não de oposição mas de contraponto, surgisse… levando a que no seio da nossa classe profissional surgissem perspectivas e metodologias de trabalho diferentes, que se complementassem e que assim provocassem a reflexão entre todos os Psicólogos Portugueses. O quarto aspecto que destaco, o (4) regulamento de estágios de admissão à ordem, levanta-me uma grande duvida pois não consigo descortinar se esse regulamento será elaborado e tornado publico antes ou depois das eleições. Com mais duvidas fico, sempre que penso o que será melhor… Antes ou depois? Estas duvidas surgem pois vejo aspectos positivos e negativos em ambas as situações. Por exemplo, caso o regulamento seja publicado antes das eleições a Direcção eleita poderá endereçar esforços para outras questões, em bom Português terá “menos sarna para se coçar”. Porém, sendo esta uma questão tão delicada, caso isso aconteça, a Direcção estará obviamente castrada nas suas intenções a este nível. No sentido inverso, caso este regulamento só seja publicado após as eleições, todo esse processo, sem duvida um dos mais urgentes, poderá atrasar-se e arrastar-se no tempo, de onde advêm óbvios prejuízos para todos. “venha o diabo e escolha”…

A (5) implementação prática do regulamento de estágios de admissão à ordem é, sem duvida alguma, a situação mais delicada e, por isso mesmo, a mais difícil de resolver. Todos nós conhecemos a realidade no que ao emprego dos psicólogos concerne, mas não posso deixar de relembrar que tenho grandes duvidas quanto à possibilidade de se encontrarem tantos estágios de forma a dar resposta a todos os Psicólogos que deles irão necessitar. Quanto a este assunto não me alongarei muito mais, pois em análises anteriores (A (des)Ordem dos Psicólogos) já o explorei quanto baste. Todavia uma coisa é certa, o primeiro ano deste mandato será profundamente marcado, para não dizer dominado, por esta questão dos estágios.

Esta situação será agravada pela necessidade de (6) emissão das cédulas profissionais e pelo (7) reabrir das inscrições na Ordem, mas daqui não antecipo qualquer outro problema que não a carga de trabalho da Direcção.

Paralelamente a estas situações é fundamental que, de uma vez por todas, a OPP inicie os trabalhos de (8) representatividade da nossa classe junto das entidades governamentais, publicas, privadas e, acima de tudo, junto da comunidade, isto é, junto da nossa sociedade. Para isto julgo ser essencial que o Bastonário se rodeie de uma equipe que se encarregue de todas as outras questões, ficando ele, coadjuvado por um ou dois assessores pessoais, encarregue de todo este trabalho de visibilidade e implementação no seio da sociedade Portuguesa quer da OPP quer da nossa classe profissional em geral. Mas para isso, partindo do principio que o Bastonário será encontrado entre os actuais 5 elementos da Comissão Instaladora, urge a adopção de uma postura completamente diferente da tomada até agora. É necessário que a OPP se abra à imprensa, através de entrevistas, debates, comunicados, spots publicitários, seminários, etc., pois essa será a forma de a OPP alcançar o público em geral. Simultaneamente é necessário que a OPP agilize o processo de interacção e comunicação com os psicólogos em geral, aspecto que amplamente critiquei e que considero ser o “calcanhar de Aquiles” da Comissão Instaladora”, demasiado afastada dos profissionais que representa.

Estando já, esta minha reflexão, bastante longa, aproveito para destacar que o meu objectivo é unicamente provocar e se me permitem “espicaçar” não só as entidades e pessoas responsáveis, como todos os Psicólogos em geral, para que em conjunto possamos antecipar eventuais problemas e assim termos de antemão as respectivas soluções, pois olho para a OPP como um organismo de todos nós… Psicólogos Portugueses.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Nicolinas 2009

Com o aproximar das Festas Nicolinas 2009 tem crescido em mim aquele arrepiozinho que todos os anos aparece por esta altura!
No entanto este ano surge com um gosto especial... já lá vão 10 anos!! Pois é... 10 anos que já passaram desde os tempos em que acordava e, logo pela manha, sentia o brio de vestir o meu traje, preparando-me para mais um dia de vida Nicolina.
Foram dois meses inesquecíveis, onde a amizade, camaradagem, espírito de grupo, união e, acima de tudo, o orgulho tomava conta daqueles 10 miúdos (sim presidente, incluo-te a ti também), enchendo-os de garra e vontade de realizar as melhores festas de sempre!!
Foram dois meses em que as peripécias se acumularam em catadupa, uma atrás da outra... recordo-me das chuvadas e do sol que se abatiam sobre o negro das nossas capas... recordo-me do romper das solas dos nossos sapatos, rasgadas pelo calcutear das calçadas... recordo-me do cheiro da Macieira embrenhado em todo o nosso traje... recordo-me do barulho do chupar a ultima gota do copo... recordo-me dos Filinto Elísios entoados de goela cheia... recordo-me das amarguras por nós vividas... recordo-me das alegrias sentidas...
Mas do que me recordo mais é daquele sentimento que não tem nome! Daquele sentimento que só nós conhecemos! Daquele sentimento a que todos chamamos de Espírito Nicolino! Esse espírito que não se define, apenas se sente... e que apenas 10 miúdos de Guimarães por ano o sentem pela primeira vez...!

Da saudade desses tempos, que hoje eternizo com estas palavras, ficam os laços para uma vida, a amizade e cumplicidade que nos une... a vocês, meus irmãos de armas, vos dedico este meu reviver! A vocês vos agradeço este e todos os momentos que vivemos em conjunto!!

Fafe (Presidente 1999)
Luís (Vice-Presidente 1999)
Dino Faísca (Tesoureiro 1999)
Rui (Monka) (Secretário 1999)
Pedro (1º Vogal da Academia 1999)
Frank (2º Vogal da Academia 1999)
Fumega (Sub-chefe de Bombos 1999)
Adelino (2º Vogal de Festas 1999)
e claro... grande Vina!!!! (Chefe de Bombos 1999)

A todos vós... o meu:
FILINTO ELÍSIO!
DA VELHA FRANÇA!
ENCHEI-ME A PANÇA DESTE LICOR!!!!
QUE PENA EU TENHO...
QUE AS MINHAS TRIPAS...
JÁ NÃO SUPORTEM MAIS 100 000 PIPAS!!
TODOS ATIRADORES ATIRA ATIRA!!!

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Fogo!


Será a felicidade assim tão dificil de manter? Será que, sempre que nos sentimos bem... com vontade de exaltar os nossos sentimentos... com confiança para agarrar as nossas emoções e dizê-las bem alto, para que todos ouçam... tem que surgir algo que deite por terra esse estado de alma?

Nunca fui, nem me considero pessoa de sentir que algo é impossível... mas quando me vejo a viver este pesadelo... quase que acredito que realmente não é possível manter esse sentimento...

Digo-o, pois nasceu em mim um fogo que lavra de forma que desconheço...
O sentimento de me terem roubado a alegria de amar... o sentimento de me sentir impotente para travar as crenças que assombram o inconsciente do Nosso colectivo! São chamas que consomem sem queimar... são chamas que queimam sem consumir... é um fogo descontrolado que arde silenciosamente... emanando apenas o sussurro de quem agonia no seu leito... É um fogo que me deixa aterrado perante o mar de cinzas que resta da vontade de abraçar... da vontade de beijar... da vontade de partilhar... não só o nosso coração... como também a nossa vida!

Foi esse profundo almejar que se desvaneceu em cinzas... o de gritar:

SÓ TE QUERO A TI!!!

Mas mesmo as cinzas deste fogo são diferentes! São de um negro ensurdecedor... de uma aspereza que rasga... ofuscando qualquer harmonia vivida antes do atear deste mar de chamas...

Resta-me esperar que de entre o fumegar, que ainda se mantém sobre as cinzas... tal como a Fénix... algo possa renascer....

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Saudade...




Saudade...
Que estranho sentimento este... que me consome sempre que o sinto e que me amargura quando não o tenho!
Que estranho sentimento este... que procuro não o sentir mas que sem ele não tenho quem me alimente...

Qual coroa de espinhos...?

A Saudade rompe com a minha consonância... deixando-me desejoso de reaver o que já não tenho... quem já não me acompanha... ou quem simplesmente não está comigo naquele momento...

Mas na verdade...
é a Saudade que me dá vida ao anseio de reencontro... é Ela quem me sustenta o eternizar da paixão!
Sem Saudade... sou apenas um momento... sou apenas o presente!
Com Saudade... adquiro o vivenciar do passado... adquiro o grado pelo futuro!
Encontro na Saudade o maior aliado dos restantes sentimentos...
É Ela quem os perpétua! É Ela que os identifica!
É Ela quem me lembra deles! É Ela quem me move de encontro ao reencontro!
Contrariamente a Pablo Neruda...

"...Saudade é amar um passado que ainda não passou,
É recusar um presente que nos machuca,
É não ver o futuro que nos convida..."

...encontro na Saudade o móbil de lutar pelo futuro!

É a Saudade quem constantemente me prende ao que tenho...